Tuesday, August 14, 2007

Crimes na floresta

Série Reflexão Nacional

Olá Pessoal,

Fico perplexo ao ver a inconsistência dos "nossos" antropólogos e outras agências e líderes de nossa nação. Esses profissionais ao invés de elevarem a vida ao nível de gente feita por Deus e chamada para ajustar-se ao caráter do Pai eterno, sempre reduzem o ser humano ao nível do animal, ou seja, nivelam por baixo. Mas como? Sempre comparando-nos com os animais, ao invés de compararmo-nos com o Criador. Aí dizem: "certas raças de animais matam seus filhotes ao nascer"; para comprovar o homossexualismo dizem: "certos animais tem relações entre os do mesmo sexo" e por aí vai. Depois quando as pessoas agem como animais, matando, tirando o alimento (caça) do outro, sem respeito, sem amor e fazendo todo tipo de bestialidade, querem culpar o país, a liderança da nação, a falta de informação, etc. É incoerencia para mais de metro, como dizia meu pai e avó.

Leia e reflita.

Vida brasileira
Crimes na floresta

Muitas tribos brasileiras ainda matam crianças
– e a Funai nada faz para impedir o infanticídio

Leonardo Coutinho
Fotos Photoon e arquivo pessoal


A índia Hakani, em dois momentos.
Ao lado, abraça a mãe adotiva, Márcia, no seu aniversário de 12 anos. Acima, aos 5, em sua tribo: altura e peso de 7 meses



A fotografia acima foi tirada numa festa de aniversário realizada em 7 de julho em Brasília. Para comemorar os seus 12 anos, a menina Hakani pediu a sua mãe adotiva, Márcia Suzuki, que decorasse a mesa do bolo com figuras do desenho animado Happy Feet. O presente de que ela mais gostou foi um boneco de Mano, protagonista do filme. Mano é um pingüim que não sabe cantar, ao contrário de seus companheiros. Em vez de cantar, dança. Por isso, é rejeitado por seus pais. A história de Hakani também traz as marcas de uma rejeição. Nascida em 1995, na tribo dos índios suruuarrás, que vivem semi-isolados no sul do Amazonas, Hakani foi condenada à morte quando completou 2 anos, porque não se desenvolvia no mesmo ritmo das outras crianças. Escalados para ser os carrascos, seus pais prepararam o timbó, um veneno obtido a partir da maceração de um cipó. Mas, em vez de cumprirem a sentença, ingeriram eles mesmos a substância.
O duplo suicídio enfureceu a tribo, que pressionou o irmão mais velho de Hakani, Aruaji, então com 15 anos, a cumprir a tarefa. Ele atacou-a com um porrete. Quando a estava enterrando, ouviu-a chorar. Aruaji abriu a cova e retirou a irmã. Ao ver a cena, Kimaru, um dos avôs, pegou seu arco e flechou a menina entre o ombro e o peito. Tomado de remorso, o velho suruuarrá também se suicidou com timbó. A flechada, no entanto, não foi suficiente para matar a menina. Seus ferimentos foram tratados às escondidas pelo casal de missionários protestantes Márcia e Edson Suzuki, que tentavam evangelizar os suruuarrás. Eles apelaram à tribo para que deixasse Hakani viver. A menina, então, passou a dormir ao relento e comer as sobras que encontrava pelo chão. "Era tratada como um bicho", diz Márcia. Muito fraca, ela já contava 5 anos quando a tribo autorizou os missionários a levá-la para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, em São Paulo. Com menos de 7 quilos e 69 centímetros, Hakani tinha a compleição de um bebê de 7 meses. Os médicos descobriram que o atraso no seu desenvolvimento se devia ao hipotireoidismo, um distúrbio contornável por meio de remédios.
Marcia Suzuki


Kasiuma e sua filha Tititu: ela convenceu a tribo a tratar a filha hermafrodita, em vez de matá-la
Márcia e Edson Suzuki conseguiram adotar a indiazinha. Graças a seu empenho, o hipotireoidismo foi controlado, mas os maus-tratos e a desnutrição deixaram seqüelas. Aos 12 anos, Hakani mede 1,20 metro, altura equivalente à de uma criança de 7 anos. Como os suruuarrás a ignoravam, só viria a aprender a falar na convivência com os brancos. Ela pronunciou as primeiras palavras aos 8 anos. Hoje, tem problemas de dicção, que tenta superar com a ajuda de uma fonoaudióloga. Um psicólogo recomendou que ela não fosse matriculada na escola enquanto não estivesse emocionalmente apta a enfrentar outras crianças. Hakani foi alfabetizada em casa pela mãe adotiva. Neste ano, o psicólogo autorizou seu ingresso na 2ª série do ensino fundamental.
A história da adoção é um capítulo à parte. Mostra como o relativismo pode ser perverso. Logo que retiraram Hakani da aldeia, os Suzuki solicitaram autorização judicial para adotá-la. O processo ficou cinco anos emperrado na Justiça do Amazonas, porque o antropólogo Marcos Farias de Almeida, do Ministério Público, deu um parecer negativo à adoção. No seu laudo, o antropólogo acusou os missionários de ameaçar a cultura suruuarrá ao impedir o assassinato de Hakani. Disse que semelhante barbaridade era "uma prática cultural repleta de significados".
Ao contrário do que acredita o antropólogo Almeida, os índios da tribo não decidem sempre da mesma forma. Em 2003, a suruuarrá Muwaji deu à luz uma menina, Iganani, com paralisia cerebral. A aldeia exigiu que ela fosse morta. Muwaji negou-se a executá-la e conseguiu que a tribo autorizasse seu tratamento em Manaus. Médicos da capital amazonense concluíram que o melhor seria encaminhar Iganani para Brasília. Antes disso, porém, foi necessário driblar a Fundação Nacional do Índio (Funai). O órgão vetou sua transferência com o argumento de que um índio isolado não poderia viver na civilização. Só voltou atrás quando o caso foi denunciado à imprensa. Agora, Iganani passa três meses por ano em Brasília. Aos 4 anos, consegue caminhar com o auxílio de um andador. Estaria melhor se a Funai permitisse que ela morasse continuamente em Brasília. Há dois anos, os suruuarrás voltaram a enfrentar uma mãe que se recusava a matar a filha hermafrodita, Tititu. A tribo consentiu que a menina fosse tratada por brancos. Em São Paulo, ela passou por uma cirurgia corretora. Sem a anomalia, Tititu foi finalmente aceita pela aldeia.
Fotos Photton


À esquerda, Amalé, sobrevivente de uma tribo que fez pose para a BBC. À direita, a deficiente Iganani com a mãe, Muwaji, que se negou a envenená-la
O infanticídio é comum em determinadas espécies animais. É uma forma de selecionar os mais aptos. Quando têm gêmeos, os sagüis matam um dos filhotes. Chimpanzés e gorilas abandonam as crias defeituosas. Também era uma prática recorrente em civilizações de séculos atrás. Em Esparta, cidade-estado da Grécia antiga que primava pela organização militar de sua sociedade, o infanticídio servia para eliminar aqueles meninos que não renderiam bons soldados. Um dos seus mais brilhantes generais, Leônidas entrou para a história por ter liderado a resistência heróica dos Trezentos de Esparta no desfiladeiro de Termópilas, diante do Exército persa, em 480 a.C. Segundo o historiador Heródoto, Leônidas teria sido salvo do sacrifício apesar de ter um pequeno defeito em um dos dedos da mão porque o sacerdote encarregado da triagem pressentiu o grande futuro que o bebê teria.
Hulton archive/Getty Images



Leônidas, o herói que entrou para a história: em sua Esparta bebês defeituosos eram mortos

Entre os índios brasileiros, o infanticídio foi sendo abolido à medida que se aculturavam. Mas ele resiste, principalmente, em tribos remotas – e com o apoio de antropólogos e a tolerância da Funai. É praticado por, no mínimo, treze etnias nacionais. Um dos poucos levantamentos realizados sobre o assunto é da Fundação Nacional de Saúde. Ele contabilizou as crianças mortas entre 2004 e 2006 apenas pelos ianomâmis: foram 201. Mesmo índios mais próximos dos brancos ainda praticam o infanticídio. Os camaiurás, que vivem em Mato Grosso, adoram exibir o lado mais vistoso de sua cultura. Em 2005, a tribo recebeu dinheiro da BBC para permitir que lutadores de judô e jiu-jítsu disputassem com seus jovens guerreiros a luta huka-huka, parte integrante do ritual do Quarup, em frente às câmeras da TV inglesa. Um ano antes, porém, sem alarde, os camaiurás enterraram vivo o menino Amalé, nascido de uma mãe solteira. Ele foi desenterrado às escondidas por outra índia, que, depois de muita insistência, teve permissão dos chefes da tribo para adotá-lo.
Há três meses, o deputado Henrique Afonso (PT-AC) apresentou um projeto de lei que prevê pena de um ano e seis meses para o "homem branco" que não intervier para salvar crianças indígenas condenadas à morte. O projeto classifica a tolerância ao infanticídio como omissão de socorro e afirma que o argumento de "relativismo cultural" fere o direito à vida, garantido pela Constituição. "O Brasil condena a mutilação genital de mulheres na África, mas permite a violação dos direitos humanos nas aldeias. Aqui, só é crime infanticídio de branco", diz Afonso. Ao longo de três semanas, VEJA esperou por uma declaração da Funai sobre o projeto do deputado e as histórias que aparecem nesta reportagem. A fundação não o fez e não justificou sua omissão. Extra-oficialmente, seus antropólogos apelam para o argumento absurdo da preservação da cultura indígena. A Funai deveria ouvir a índia Débora Tan Huare, que representa 165 etnias na Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira: "Nossa cultura não é estável nem é violência corrigir o que é ruim. Violência é continuar permitindo que crianças sejam mortas".


Reflitam nessa situação.


Heliel Carvalho

Friday, August 10, 2007

O Líder Encarnado

Série Discipulado/Liderança

Eduardo Cupaiolo
Publicado em 10.08.2007

Até onde a altura da minha ignorância me permite enxergar, ainda não encontrei uma forma de representar ampla e profundamente toda a complexa simplicidade da essência da liderança conforme vivida por Jesus. De algo, porém, não tenho qualquer dúvida: o quadro deve incluir a encarnação.

Mesmo tendo participado de tantos processos de transformação organizacional quantos me fizessem perder a conta, acompanhado ao vivo e em cores e estudado dezenas de outros casos de liderança, confesso que só recentemente percebi que a encarnação ou não dos líderes foi, é, e continuará sendo fator primordial que separa grandes sucessos de grandes fracassos. E que separa agilidade, rapidez e comprometimento, de postergação, negligência e falta de compromisso. Separa satisfação pela realização, da frustração pelo desperdício de tempo e esforços. Separa celebração de resultados, da busca desesperada de algum improvável sobrevivente do furacão que destruiu tudo por aqui. A distância astronômica entre o prazer do reconhecimento daqueles que nos levaram ao sucesso apesar das dificuldades do percurso, da caça às bruxas dos culpados por termos dado tantas voltas e não termos chegado a lugar nenhum.

Falemos, portanto do que estamos falando.

Estamos falando de um líder que faz parte e faz junto com os que fazem, não aquele que simplesmente espera que façam o que ele (já) disse (tantas e tantas vezes) que tinha de ser feito.

Aquele que nem sequer imagina que mais profunda do que a incoerência do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” é a necessidade de saber o sabor do que o outro come antes de falar da sua fome, é saber o frio que o outro passa antes de falar de solidariedade, é a necessidade de sentir a dor, a solidão, a prisão e a sede do outro antes de falar de nossa compaixão por ele. De viver junto antes de falar de comunhão. De tirar a placa de vaga reservada antes de falar de igualdade.

Aqueles imersos na ilusão de uma liderança asséptica. Sem contato. Sem toque. Sem risco de contágio. Por controle remoto. À distância. Por vídeo conferência. Pelo telefone. Via internet. Por e-mail. Do púlpito. Da matriz. Das salas de reunião. No Second Life, nunca na vida real.

Os alimentados da ilusão de que o líder tem de ser diferente de nós para que nós o admiremos. Ser distante para que o sigamos. Parecer divino para que o adoremos.

Como nos ensinou Peter Drucker ao falar das pequenas baixas entre os generais na 1a Guerra Mundial. Fruto da decisão de não mais acompanharem as tropas no campo de batalha. Exemplo histórico da liderança em que outros, não o líder, assumem os riscos e as conseqüências negativas pelo que for, ou não for feito. Num discurso já padronizado para resultados e responsáveis: pela derrota, eles; pela vitória, eu.

Liderança, liderança mesmo, precisa-se aprender. É esvaziar-se do eu e encarnar a forma do outro, é sentir o que ele sente, é viver o que ele precisa, é dar de si para atender suas carências.

Não é uma viagem do pó da terra até as nuvens do Olimpo, mas da infinitude da Eternidade para a finitude da História. Não é livrar-se da brevidade da existência na frieza do mármore de estátuas, mas na trama eterna que as linhas da nossa biografia tece com as linhas da biografia do outro.

Jesus, o Filho, é Deus. Sempre. Sempre Senhor de tudo e de todas prerrogativas, mas ao contrário dos que almejam a primazia, o posto mais alto, o destaque, o primeiro lugar, fez o caminho inverso. Para nos liderar, esvaziou-se.

Enquanto líderes se endeusam, Ele se humanizou. Enquanto líderes se afastam, Ele se aproximou. Enquanto eles se servem de nós, Ele nos serviu. Enquanto se isolam no último andar, Ele se deixou envolver por um útero adolescente. Enquanto eles se entronam em ouro, Ele se deitou no feno da manjedoura. Aqueles se cercam do brilho do luxo; Ele se cercou da pobreza dos mais pobres, da necessidade dos aflitos, da tristeza dos rejeitados, da escuridão dos cegos no corpo e no espírito.

Aqueles caminham suspensos sobre as cabeças dos mortais; Ele arrastou os pés pelo pó da terra, matéria prima do Seu e dos nossos corpos. Sendo Deus, fez de Si mesmo carne, para nos fazer eternos como Ele.

Aqueles se embriagam de sucesso, Ele se esvaiu no vinho de Seu sangue. Eles salvam a si mesmos sacrificando a todos que sujeitam. Ele sujeitou-se a salvar a todos pelo Seu sacrifício.

Liderança, liderança mesmo, não é um processo de expansão do eu, mas de sua limitação. Não é a trajetória entre o desejo de ter poder até ter todo o poder, mas caminho inverso, entre o privilégio de poder até a decisão de servir.

Ele é Ele

Série reflexão

Elben Lenz César
Publicado em 10.08.2007


Mesmo tendo qualidades éticas fora do comum, mesmo esmagado por toda sorte de sofrimento e mesmo sem entender a gritante desarmonia entre uma coisa e outra, o homem da terra de Uz tinha uma noção muito clara e abençoadora da soberania de Deus. O livro que leva seu nome revela essa certeza logo no início.

Imediatamente após a sucessão de desgraças — a perda de todos os bens (11.500 cabeças de gado) e a morte trágica dos dez filhos num único dia —, Jó prostrou-se, rosto em terra, em adoração, e disse: “O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor” (Jó 1.21).

Se não é comum atribuir a Deus o que temos e tudo o que somos, é mais raro atribuir à soberania de Deus a perda de tudo o que temos e a perda de tudo o que somos. Essa é outra evidência do sólido relacionamento que Jó mantinha com o Senhor.

A noção da soberania de Deus estava profundamente enraizada em Jó. Era uma bagagem que ele carregava em qualquer circunstância. Encontrava-se tanto no interior como na superfície, tanto no coração como nos lábios. Era uma espécie de calmante que o ajudava a suportar os duros e seguidos revezes. Era uma espécie de andador que o ajudava a caminhar sempre ao lado do Senhor, sem se indispor com ele. Era o suporte que o mantinha vivo apesar da verborragia arrogante e massacrante de seus três amigos e de Eliú. Era a rocha sobre a qual Jó construiu a sua casa religiosa, de forma que ela não ruísse sob a pressão dos ventos contrários. Era a armadura de Deus com a qual Jó poderia resistir a Satanás e às demais potestades do ar.

Em um de seus discursos de defesa Jó fez uma preciosa confissão de fé na soberania de Deus (capítulo 12):
“Em sua mão está a vida de cada criatura e o fôlego de toda a humanidade” (v. 10).
“O que ele derruba não se pode reconstruir; o que ele aprisiona ninguém pode libertar” (v. 14).
“Despoja e demite os sacerdotes e arruína os homens de sólida posição” (v. 19).
“Derrama desprezo sobre os nobres, e desarma os poderosos” (v. 21).
“Dá grandeza às nações, e as destrói; faz crescer as nações, e as dispersa” (v. 23).
“Priva da razão os líderes da terra, e os envia a perambular num deserto sem caminhos” (v. 24).

Jó enxergava a absoluta soberania de Deus no plano físico (capítulo 9):
“Ele transporta montanhas [...] e as põe de cabeça para baixo” (v. 5).
“Ele sacode a terra, e a tira do lugar” (v. 6).
“Fala com o sol, e ele não brilha; ele veda e esconde a luz das estrelas” (v. 7).
“Só ele estende os céus e anda sobre as ondas do mar” (v. 8).

Mas, de todas as muitas declarações da soberania de Deus, espalhadas em seus numerosos discursos, a que mais chama a atenção é aquela em que Jó encerra qualquer discussão sobre o assunto, com apenas três enfáticas palavras: “Ele é ele!” (23.13). Ou seja, frente à soberania de Deus, já não há o que declarar. Deus é Deus e pronto, cale-se toda a terra!

Vejamos esse pronunciamento em outras versões: “O que sua alma deseja é o que realmente faz” (Bíblia Hebraica); “Ele quer uma coisa e a realiza” (Bíblia do Peregrino); “Sua vontade, o que ela decidir, isto o fará” (Tradução da CNBB); “Ele faz o que bem lhe agrada” (Edição Pastoral Catequética). Na paráfrase da Bíblia Viva, o texto é um pouco mais longo e mais explicativo: “Tudo que ele quer, ele faz. Não há remédio! Deus vai fazer comigo tudo o que planejou, inclusive coisas que ainda estão para vir”.

Entre os atos soberanos de Deus que estavam para vir, um deles seria uma agradabilíssima surpresa para Jó: o Todo-poderoso poria um ponto final em seu sofrimento e mudaria totalmente a sua sorte (42.10-16). Então Jó poderia acrescentar mais uma pequena manifestação da soberania de Deus naquele primeiro pronunciamento sobre a questão (1.21): O Senhor o deu, o Senhor o levou e o Senhor o trouxe de volta. E de forma mais completa: o Soberano Deus me deu tudo o que eu tinha, o Soberano Senhor levou tudo o que havia me dado e o Soberano Senhor me devolveu em dobro tudo o que havia levado.

A certeza da soberania de Deus sobre tudo e sobre todos produz sobrevivência em meio aos infortúnios, à dor, à incompreensão alheia, à doença, à morte, aos poderes das trevas e às monstruosas estruturas hostis a Deus e ao homem. Nem o mundo nem a história estão acéfalos, por isso podemos ter esperança. Assim como Jó, teremos surpresas, pois “olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Co 2.9). Não é verdade também que “os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que nos será revelada” e que “a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra” pelo Soberano Senhor (Rm 8.18-21)?

Wednesday, August 08, 2007

Pais terceirizados

Série Discipulado

Alexandra Guerra Castanheira


“Esta é, com certeza, a geração mais abandonada de todos os tempos.” Afirma o psicólogo inglês Steve Biddulph, um dos mais requisitados especialistas em educação de crianças. “Pesquisas feitas na Inglaterra mostram que os pais passam apenas seis minutos proveitosos com seus filhos por dia. Não basta dar comida, presentes, sentar em frente da televisão e esperar que seu filho tenha um comportamento exemplar.” (Revista Veja, 21 de Julho, 2004. P. 76) A falta de tempo para se dedicar aos filhos, é uma conseqüência da época em que vivemos, e tem afetado drasticamente a educação das crianças.

Existe uma maneira de não gastar tempo com filhos, basta não tê-los. Mas parece que alguns pais, bem mais moderninhos, descobriram outra forma de criar filhos gastando o mínimo de tempo: a terceirização.

Uma das características do século XXI é a terceirização, ou seja, passar para terceiros a realização de determinadas tarefas. Para evitar trabalho e dores de cabeça contrata-se uma firma especializada, para cuidar de certos setores. Chegamos a ponto de terceirizar até a criação de nossos filhos!

O que deveria ser um apoio para os pais na formação do ser humano acabou tomando o lugar deles, veja só:

A educação, tanto acadêmica como a formação ética e moral, foi passada para as escolas. Nas reuniões de pais as escolas andam pedindo ajuda aos pais para que os alunos cumpram com seus compromissos escolares, respeitem os colegas e funcionários... e os pais respondem com um pedido de socorro: Eu não sei mais o que fazer com este menino, façam o que quiserem! Ao ser chamada na escola de seu filho pela 4ª vez, uma mãe alegou que não tinha tempo para o filho porque estava trabalhando muito para lhe proporcionar uma vida melhor.

Os cuidados diários foram transferidos para os irmãos mais velhos, tios, e até para os vizinhos, que dão uma “olhadinha” de vez em quando na criança. Sozinhas em casa muitas se sentem inseguras e abandonadas. Uma mãe foi para os USA e deixou a filha de quatro anos com o pai. A criança disse que a mãe foi ganhar dinheiro e vai mandar um celular para ela. Parece que a filha aprendeu rápido a lição que a mãe lhe deu: coisas valem mais que pessoas.

A formação do caráter agora é eletrônica: a tv e os jogos eletrônicos cuidam disso. Muitas meninas se vestem e agem imitando toda a sensualidade das animadoras de auditório; maquiagem e cantadas nos meninos já são comuns. Os meninos falam e se portam seguindo os modelos que têm de violência e desrespeito; chutam, batem e quebram.

A educação moral e cristã já virou função da igreja. Pais cristãos levam as crianças para as classes bíblicas para descansarem de mais esta responsabilidade. Muitos nem sabem se seus filhos já confessaram a Jesus como seu Senhor e Salvador (Rm 10.9,10).

Todos estes serviços e pessoas podem e são ajudas preciosas e têm seu papel na formação das personalidades, mas nunca deveriam tomar o lugar que cabe aos pais.

Será que a falta de tempo nos levou a isto?

Lídia Weber, psicóloga; em entrevista a revista Veja em 02/06/04, disse: “Educação é trabalho. Se você tem um relatório para entregar no dia seguinte, vira a noite mas o faz. Por que muitas pessoas não têm esse empenho quando se trata de educar suas crianças.”

Realmente nossos valores estão se invertendo. Hoje o que vale é ter mais e nem tanto ser mais. Precisamos entrar em estado de alerta! A Bíblia diz: Não imitem a conduta e os costumes deste mundo, mas seja, cada um, uma pessoa nova e diferente, mostrando uma sadia renovação em tudo quanto faz e pensa. E assim vocês aprenderão, de experiência própria, como os caminhos de Deus realmente satisfazem a vocês. Romanos 12:2; Bíblia Viva. Siga os preceitos de Deus e Ele lhe trará satisfação verdadeira.

Também conheço mães e pais, que realmente precisam gastar boa parte do tempo trabalhando, mas se empenham para investir tempo de qualidade em seus filhos. Sabem onde eles estão, com quem andam, como vão na escola, o que lhes dá alegria, o que lhes entristece; conhecem seus filhos. Amam, disciplinam, sabem dar os limites necessários. Quando não sabem, procuram ajuda com pessoas e literaturas adequadas, sem no entanto, transferirem a terceiros a missão de educar seus herdeiros.

O que seu filho mais precisa é de você. Não dá para ser pai e mãe por correspondência ou só por telefone. Educar é relacionar. Relacionar gasta tempo, energia, paciência, negação de si mesmo; e por outro lado; produz caráter, alegria, equilíbrio, saúde, felicidade.

Uma vez pedi ao Dr. Russell Shedd que orasse por mim, pelo meu ministério de ensino. E a primeira coisa que ele mencionou na oração foi minha vida familiar. Ele pediu que eu fosse uma boa mãe e boa esposa. Que exortação este mestre me deu neste dia! Orou pelo ministério de mãe e esposa, os principais da vida.

Não dá para terceirizar a responsabilidade de educação dos filhos, pois foi o próprio Deus que a delegou aos pais: “E você deve meditar sempre nestes mandamentos que hoje estou ordenando – os quais você deve ensinar aos seus filhos. É preciso que você converse sobre estas leis quando estiver em casa, quando estiver andando pôr algum caminho, na hora de dormir e logo ao despertar.” Dt. 6:6,7. Nada é mais importante que a educação de seus filhos! Nem carreira, nem bens materiais, nem a pia sempre limpa. Crianças precisam de pais que a amem o suficiente para investir tempo neles, amá-los e dar-lhes limites e liberdade na dose certa para serem felizes. Que Deus lhe dê amor, sabedoria e coragem para educar seus filhos como eles precisam ser educados. Invista em seus filhos, é sua missão e vale a pena!


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Meu pai, meu melhor discipulador

Série Discipulado

Luiz e Regina Vasconcelos Nos dias atuais temos observado que a família tem transferido a responsabilidade da educação dos filhos para as instituições. A educação humanista, secular é responsabilidade da escola, a educação religiosa é responsabilidade da igreja, mas os pais não se dão conta de que a responsabilidade maior pela formação do caráter de uma criança é deles. Não que as instituições não tenham participação relevante nesse processo, porém, é na família que a criança terá todas as referências necessárias para a formação e desenvolvimento da sua personalidade.

Provérbios 22:6 diz: "Ensina a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele" . O grande problema é que na maioria das vezes, os pais entendem que a fase da criança aprender só começa aos 3 ou 4 anos, ou acham que a criança só começa a entender alguma coisa nesta idade. Eles não percebem que antes disso ela aprendeu a andar, a falar, a reivindicar a satisfação da sua vontade, a bater o pé quando é confrontada, etc., e quando a Bíblia nos diz "ensina a criança", ela esta dizendo que é desde o útero que esta criança pode e deve ser ensinada.
Nós, os pais, quando transferimos para outros a educação, ou o discipulado, dos nossos filhos, corremos o risco de ver impresso no caráter deles a marca de um educador ou discipulador que pode ser bom ou ruim, dependendo dos valores que tal pessoa tem, sem contar que muitas crianças, por não terem no pai um bom referencial de autoridade (Ef. 6:4) , de amor, de carinho, e de disciplina (Pv .23:13 e 14) passam a ver como referencial os professores e pastores que, sem querer, ou de forma involuntária, acabam tirando a autoridade dos pais. Então, os filhos acabam honrando pessoas estranhas, quando, na verdade, essa honra deve ser dirigida aos pais, para que o filho possa atrair as bênçãos de Deus sobre si (Ef 6:2 ; Ex 20:12).

Nestes dias precisamos estar atentos a tudo aquilo que vem agredir aos nossos filhos, como os meios de comunicação, que declararam guerra contra as crianças, os adolescentes e os jovens, transmitindo "entretenimentos" degenerados e nocivos para dentro dos nossos lares, com anúncios publicitários que exploram os desejos e as fraquezas dos nossos filhos.
As crianças crescem muito rápido. Hoje, mal começam a respirar e já são lançadas num mundo adulto, agressivo e permissivo. A sociedade concentra-se cada vez mais nos desejos dos adultos e as crianças são as perdedoras.

Nós, pais, temos que entender que somos os melhores discipuladores dos nossos filhos e diante de Deus somos os responsáveis para ensinar-lhes os estatutos, os mandamentos e preceitos divinos. Em Deuteronômio 6:2 e 7 o Senhor nos diz "para que temas ao senhor teu Deus e guardes todos os meus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu e teu filho, e o filho do teu filho, todos os dias da tua vida e para que se prolonguem os teus dias" e "as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando nele pelo caminho, e ao deitarte e ao levantarte ".

Então, o Senhor responsabiliza a nós, os pais, para ensinarmos aos nossos filhos tudo aquilo que vai compor a personalidade, a alma e o caráter deles, para apresentarmos ao Senhor uma herança plantada na Sua casa, rendendo frutos para o reino, prontos para serem alistados no exército do Grande Rei (Sl 127:3) e não uma herança drogada, prostituída, com um mal testemunho como os filhos de Eli, Hofni e fineias (1 Sm 2:12-17; 27-34) que se tornaram malditos aos olhos de Deus.

Nós, os pais, somos os responsáveis para ensinar aos nossos filhos a bondade e a misericórdia com que Deus nos trata. Devemos ter a consciência de que somos a janela pela qual eles verão a Deus, o espelho que vai refletir neles a imagem de Jesus. Então eles serão como árvores plantadas junto a ribeiros de águas, que darão fruto na estação própria, e, o que é melhor, tudo o que fizerem prosperará (Sl 1:3).

Você, papai, é o melhor discipulador do seu filho. Assuma isso e a sua descendência será alvo da graça de Deus.

Luiz e Regina Vasconcelos
Pastores da Rede de Crianças - MIR