Friday, February 01, 2008

ADULTOLESCECIA



Nas paginas amarelas da Revista Veja, de 23/01/2008, há uma entrevista com João Guilherme Estrella, protogonista do livro “Meu nome não é Johnny”. Livro que virou filme. Comentando sua vida, Estrella, que era usuário e traficante de drogas diz que só começou a preocupar com sua situação aos 28 anos. Então o Jornalista pergunta: o que exatamente o atraía [nessa vida]? “... O principal deles, pela minha experiência, é que elas [as drogas] representam à extensão da adolescência”.
Dias atrás recebi um e-mail interessante que tratava de um fenômeno existente já algum tempo em nosso meio, porém pouco percebido. O fenômeno é denominado Adultolescencia. Termo cunhado por Christian Smith, professor de sociologia de Notre Dame. Para Smith a Adultolescencia é a postergação da adolescência, ou a adolescência estendida. O atraso da maturidade que tem avançado até aproximadamente a faixa dos 30 anos de idade. Acontece quando a pessoa é um adulto na idade, mas ainda adolescente na vivência e especialmente na ausência dos compromissos básicos da vivencia de um adulto. O relato acima exemplifica a adultolescencia.
Agora, o que tem levado ao atraso da maturidade? Segundo Smith, há pelo menos 4 fatores. O primeiro é a crescente busca de educação e consequentemente um maior tempo da vida sendo gasto nos estudos o que dificulta o engajamento em outros compromissos. O segundo, o atraso nos casamentos, produto das ultimas décadas. Na América do norte, a título de exemplo, entre 1950 e 2000 a média de idade dos casamentos para mulher subiu de 20 para 25 anos. Para o homem durante o mesmo tempo subiu de 22 para 27. O mais agudo aumento de ambos se deu depois de 1970. Meio século atrás o sonho era: fazer segundo grau, casar, estabelecer-se, ter filhos e iniciar a carreira á longo prazo.
O terceiro fator, que retarda a maturidade é a transformação na economia global e a instabilidade na carreira profissional. A maioria dos jovens sabe que necessitam de uma gama quase infinita de ferramentas para serem colocados no mercado de trabalho. E ainda assim, não tem a certeza de que permanecerão nele. E por último e como decorrência destes, o financiamento feito pelos pais aos filhos já adultos ou adultolescentes.
Para o teólogo John Piper, esse quadro da adultolescencia que se dá na faixa entre 18 e 30 anos produz pelo menos: a exploração da identidade, instabilidade, ensimesmamento, prisão no indefinido e também senso de possibilidades, oportunidades e esperança sem igual.
A minha questão é: o que podemos fazer para sair desse quadro de retardamento da maturidade e consequentemente adiamento em assumir compromissos?
1. Busque-entregue-se ao Eterno (Mt 6.33; Sl 37.5). Deus é o mais interessado em nosso desenvolvimento pleno. Buscá-lo e ou entregar-se a Ele tem a ver com posicionamento, não necessariamente com realizações. Com fé mais do que com obras, com redirecionamento mais que ativismo. Enfim, a entrega completa a Deus é a sintonia que mantemos com Ele em tudo o que fazemos. Depois de nos voltarmos a Ele o objetivo das ações diárias é Sua glória e o bem do próximo. Isso é sinônimo de maturidade, buscar acima de tudo a glória de Deus, e está direcionará as demais ações da existência;
2. Comprometa-se com seus parceiros (as). A capacidade de comprometer-se já significa maturidade ou no mínimo o primeiro degrau dessa grande escada. Amar e comprometer-se são sinônimos. Assim, comprometa-se com seus parceiros de Fé. Viva intensamente seus relacionamentos fraternais em Cristo. Ame e envolva em sua igreja. Comprometa-se com seus parceiros de trabalho. Seja amigo verdadeiro, se não forem cristãos, melhor ainda, através da amizade sincera, baseada nos princípios da Palavra, você poderá ser um forte testemunho a eles. Comprometa-se emocionalmente com alguém. Não fique esperando a pessoa perfeita, até porque se encontrar você pode estragá-la, contudo, ao perceber a pessoa do sexo oposto (de agora em diante, vamos ter que ressaltar isso), com princípios cristãos e um possível cônjuge no futuro e ainda havendo correspondência nos sentimentos, comprometa-se no mínimo a gastar mais tempo para conhecê-lo (a).
3. Desenvolva a interdependência familiar. Interdependência significa: nem dependência, nem independência, mas ter a capacidade de ser independente e optar por uma dependência madura. O atraso da maturidade ocorre pela dependência ou independência exagerada. Existem jovens tão imaturos que, estando morando longe de casa, ligam para seus pais, objetivando perguntar-lhes sobre o que fazer, visto que a unha do pé quebrou. Outros, por outro lado, não vêem a hora de sair de casa para viverem totalmente sozinhos e independentemente irresponsáveis. Os dois posicionamentos estão agindo e reagindo como crianças. O equilíbrio está em buscar a independência o quanto antes possível, no aspecto econômico, emocional, e organizacional e manter a interdependência afetiva, ou seja, o carinho, respeito e contato. No caso das situações parecerem impossíveis de se resolver, então, o mesmo deve buscar um apóio mais intenso de familiares, amigos e líderes religiosos sérios.
Finalizando, pelas situações que nosso mundo enfrenta, na adultolescencia talvez seja difícil não entrar, mas é impossível nela ficar e ser saudável, e ainda, é bem possível dela sair.

Heliel Carvalho

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