Wednesday, July 14, 2010

Por um comportamento digno em meio as advesidades

Um comportamento digno é tão digno que vence não obstante as adversidades
Aprendamos alguns princípios da Palavra. Pedro apresentou no texto anterior o raciocínio segundo o qual o filho de Deus deve demonstrar um comportamento honesto. Agora ele passa a revelar que nosso proceder deve ser sensato e bondoso mesmo na perseguição.

1. Normalmente quem vive dignamente colherá louvores, mas há exceções.
“Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom?”
A pergunta do apóstolo é: quem há de vos maltratar se fordes zelosos do bem? eis uma pergunta retórica. O que é uma pergunta retórica? É aquela que já contem uma resposta implícita e nesse caso a resposta seria: ninguém, ainda que haja exceções.

2. Sofrer por causa da justiça é ser felicíssimo.
“Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois.”
Pedro fala da exceção, pois se o mundo fosse justo, não haveria perseguição por se praticar a justiça, mas num mundo de injustiça praticar o bem já constitui-se condenação do mal e isso atrai perseguição (2Tm 3.12). O Apóstolo então fala da exceção, ou seja, ainda que isso aconteça. Ainda que você venha a sofrer por praticar o bem, você é bem-aventurado. Você é feliz por sofrer pela justiça. É um sofrimento que terá recompensa contrária e amplamente maior ao que se colheu no momento da perseguição: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Cor 4.17). Veja a afirmação de Paulo: a disparidade do que sofremos em contraposição ao que receberemos é “acima de toda comparação”. Em Romanos ele argumenta: “se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm 8.17). É bem-aventurado quem sofre pela justiça. Milhares de vezes pior é sofrer “sem causa”, ou sofrer em decorrência do pecado e permanecendo nele sofrer ainda mais pelo resto da eternidade sob a ira de Deus.
Pedro absorveu bem os princípios revelados pelo Mestre: “10 Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11 Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. 12 Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mt 5.11-13).

3. Mantenha o foco mesmo quando tudo corrobora para dele se desviar.
“Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração,”
O foco de nossa vida não é o problema, as dores e as pessoas, mas deve ser santificar a Cristo no centro de nosso ser. Um detalhe antes do comentário. O que é santificar a Cristo? É “dar-lhe” mais glória do que Ele já tem? É fazê-lo mais santo por declararmos que Ele é santo? É expressar em palavras sua santidade? Não. Santificar a Cristo, pedagogicamente falando, é como o que acontece com um jovem que admira um jogador de futebol ou cantor ou como uma menina que admira uma modelo. Num primeiro momento o jovem, a jovem se encanta com o ou a personagem. Eles percebem algo que os atraiu e isso faz com que ele ou ela os admire e os exaltem por sua excelência. O segundo passo é tentar imitar aquele ao qual eles perceberam, exaltando de forma especial o que viram. Assim se santifica a Cristo, em primeiro lugar percebe-se sua excelência e a conseqüência é adorá-lo. Em segundo lugar e conseqüentemente imitando-o ou, vivendo diante de Deus na mesma perspectiva que viveu Cristo.
Pedro então orientou os cristãos a não temer nada. A não ficarem alarmados com nada. A não temer a pressão e opressão. O único digno de temor de nossa parte é Deus. O próprio Pedro tinha enfrentado situação semelhante. Quando os lideres do Sinédrio judaico lhe proibiu de pregar, “Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). Para Pedro estava claro os ensinos de Jesus a ele e aos onze: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28).
Tenha o Senhor Jesus como foco de sua vida, ao contrário de ter o medo te dominando. Coloque-o como Senhor em vosso coração ao invés do pavor, medo, temor dos homens. Pois o medo não produz nada a não ser tormento, ao contrário o amor a Deus aperfeiçoa. “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor” (1Jo 4.18). Tendo a Cristo como Senhor de toda situação, entendam que devem com a cabeça tranqüila estar sempre preparado para defender a sua fé. Deus não precisa de defesa, nem o Evangelho, mas a igreja precisa. O evangelismo acontece aqui, quando sem medo e ousadamente respondemos a todo que pede razão da nossa fé. Da nossa crença.

4. Devemos permanecer em Cristo o que implica em estar preparado para explicar nosso comportamento esperançoso mesmo no meio da tribulação.
“estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,”
Além de enfrentar as provações firmes em Cristo a orientação é para ter cabeça suficientemente tranqüila a fim de estar sempre preparado para responder aquele que pede razão da esperança que há em vós. Essa excelência só é possível para aquele que mantém o foco em Cristo. Para aquele que não sofre como conseqüência dos pecados, mas de se viver na justiça. Não é possível a homens, mas para Deus tudo é possível. Mantenha o foco em Deus. Busque-O independente de ter problemas, seja cheio do Espírito para que quando chegar a tribulação possa manter-se firme no Senhor, além de estar preparado para dar razão da esperança que há em seu coração.

5. Dê sempre um testemunho inteligente e amoroso
“fazendo-o [respondendo ou defendendo a fé], todavia, com mansidão e temor, com boa consciência,”
Como se faz apologia [defesa da fé] ou como se explica a razão do seu comportamento? Ela deve ser feita com mansidão e temor, com boa consciência. É sempre complicado qualquer tipo de defesa. Quase sempre a defesa já é um ataque. Pedro está ensinando, não deve ser assim, pelo contrário, defenda sua fé de forma mansa, irrepreensível e com temor ao Senhor. O objetivo não é atacar o oponente, mas convencê-lo de tal forma que se ele faz uma hermenêutica errada de sua fé e de sua vida, se ele te maldiz conscientemente, então possa ficar envergonhado por ver o procedimento exemplar que você tem em Cristo.
Que interessante, Pedro parte da epistemologia para a ortopraxia. Do campo teórico para o prático. Do entendimento para a vivência. Da razão para o procedimento. Pedro nos mostra que toda boa filosofia de vida será manifestada um procedimento condizente com a mesma. Não é a primeira vez que Pedro usa o procedimento para validar sua crença e servir de testemunho ao incrédulo.

6. O amor de Cristo é tão sobrenatural que seu objetivo é levar o perseguidor a se envergonhar de seu procedimento maldoso.
“de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo,”
Há uma diferença abismal entre envergonhar alguém e proceder de tal forma que o perseguidor se sinta envergonhado. Como colocamos anteriormente, a Bíblia parte de uma “filosofia” para uma prática condizente com tal pensamento. Pedro inicia sua carta exortando que aquele que nos chamou é santo então conclui: “tornai-vos santos também vós mesmos em todo o ... procedimento” (1Pd 1.15). A razão? Por que “fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram” (1Pd 1.18). Pedro está ensinando que o fútil procedimento foi herdado de nossos pais e agora, depois da conversão não seguimos mais aos nossos pais, mas a Jesus Cristo. No meio dos gentios [aqueles que não conhecem Jesus] devemos viver “mantendo exemplar o vosso procedimento” a razão para tal é a glória de Deus e a mudança do pensamento do perseguidor por observar a nossa vida prática: “para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1Pd 2.12), “de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo” (1Pd 3.16).
Os exemplos são muitos. As mulheres devem ganhar seus maridos para Cristo, não pelo que falam, mas pelo que vivem. Pelo seu proceder. “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa” (1 Pd 3:1). E a vida deve ser tal que o marido tenha oportunidade de “observar o vosso honesto comportamento cheio de temor” (1Pd 3:2). Pedro caminha em sua segunda carta dizendo que Ló não fora morto juntamente com Sodoma e Gomorra pelo seu procedimento contrário aqueles cidadãos: “e livrou o justo Ló, afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados” (2 Pd 2:7). Então conclui Pedro: “Visto que todas essas coisas [as vaidades e glórias do mundo] hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade” (2 Pd 3:11).
Viva de tal forma que as mentiras e besteiras que falam de sua vida seja desfeitas pelo seu comportamento exemplar e honesto. Não se defenda, deixe que Deus te defenda. Tiago 1:20: “Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.”

7. Sofra sempre por andar em justiça, nunca por causa do pecado.
“porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.”
No mundo teremos sofrimentos? Sim. Jesus disse: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Se eu for fiel a Jesus, ainda assim terei perseguição? Sim. É isso que o texto em questão ensina. E mais: “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12). O problema não é aflição é o não estar preparado para ela. A vida não é um mar de rosas, nem mesmos um tsunami de espinhos o problema é ficar acreditando em contos de fadas, em propaganda enganosa. A questão não são a dificuldade dos problemas e sim o nosso despreparo para enfrentá-los. A grande dor resulta da ausência de fortalecimento antes da chegar do embate. Veja como Paulo expressa a bondade de Deus nesse quesito: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1 Cor 10:13).
Se mesmo tendo santo procedimento ainda assim você sofrer entenda que é da vontade de Deus. Esse sofrimento é bom. É sofrimento pela prática do bem. É sofrimento recompensatório. É sofrimento por causa da justiça e santidade. Sofrimento de valor eterno e santo. Dor que produzirá caráter aperfeiçoado. Aflição para aprovação. Dificuldade que gerará amadurecimento. Philip Yancey entitulou um de seus livros de “A dádiva da dor”. Sim, a aflição por causa da justiça é uma dádiva, ao contrário o sofrimento por andar errado, por falta de pensar, por ganância, por estar longe de Deus é um pesadelo. Além de atrair mais sofrimento e se não houver arrependimento: sofrimento eterno.
Conclusão. Um comportamento digno é tão digno que vence não obstante as adversidades. Normalmente quem vive dignamente colherá louvores em recompensa, mas há exceções e quanto mais corrupta for a sociedade maior será o ódio recebido por praticar o bem, ainda que maior será a luz a brilhar na escuridão. Se sofremos por causa da justiça, seremos felizes pela graça de Deus e em Deus. Manter o foco na tribulação é o alvo supremo. Olhar para Cristo e ninguém e nada mais. Aquele que permanece em Cristo não só vence a tribulação, mas tem razões para revelar de forma inteligente e amorosa a razão de sua postura frente as lutas. Viver assim é experimentar muitas vezes o inimigo se tornando amigo e as vezes até seu defensor. Portanto, aquilo que achamos ruim, pode ser um instrumento poderoso de crescimento e um testemunho forte da ação de Deus em nós. Se tivermos de sofrer por algo que seja por algo que valha a pena.
Oração. Que o Senhor tenha misericórdia de nós. Que o Senhor nos ajude a amá-lo, a crescer mesmo quando tudo vai bem. A termos o foco nele de tal forma que as dores da perseguição, seja ela velada ou declarada, não nos faça perder-nos a ponto de não termos o que falar quando por ela estivermos passando. No Seu Filho Amado e no poder do Espírito. Amém.

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