Thursday, May 10, 2012

DIA DO TRABALHADOR II

Maio/2012 – no 064


“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”, disse Jesus (João 5.17).

Na reflexão anterior tentamos traçar o embasamento cristão sobre o trabalho e o descanso. Agora tentaremos aprender algumas implicações acerca deste, que podem revolucionar nossa vida. Afinal se dividirmos o dia em três partes, aproximadamente um terço dele seria para dormir, outro para trabalhar e o outro para as demais atividades. Já imaginou, desperdiçaremos um terço da vida se nosso trabalho não nos der alegria, ainda que tenha alguns momentos difíceis?

O trabalho é criação de Deus e existe antes da quebra do relacionamento da criatura e Criador. Há quem ache que o trabalho é fruto da rejeição do homem ao plano de Deus. Não é verdade! Antes de acontecer à rebelião do homem contra Deus, registrado em Gêneses capítulo três, já havia trabalho. Toda criação recebe uma função do Criador. À relva: deem fruto (Gn 1.11); Aos corpos celestes: façam separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos ... para alumiar a terra (Gn 1.14,15); Aos animais: multiplicai-vos e enchei as águas dos mares; e, na terra, se multipliquem as aves (Gn 1.22); e ao homem: tenha domínio sobre a criação enchei a terra e sujeitai-a ... e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e guardar (Gn 1.26,27; 2.15). Também trouxe Deus os animais para ver como este lhes chamaria e os nomearia (Gn 2.19). Aprendamos, o trabalho dá dignidade e sentido a vida. O descanso deveria ser consequência do trabalho, momento de refrigério, gratidão a Deus e reavaliação do serviço executado. Somos cooperadores da divindade em nosso lindo planeta.

Todo trabalho digno, honra a Deus e é por Ele valorizado. A Bíblia fala muito de profissões como o curtidor, artista, boiadeiro, políticos, sacerdote, escritor, historiador, médico, dentre outras. Para a visão cristã, todo trabalho digno é dignificado por Deus. Não há trabalho santo e trabalho profano exceto ao que foi profanado, ou seja, usado contra Deus, a própria pessoa e o próximo. Afinal Jesus trabalhou como carpinteiro. O servente de pedreiro e a empregada doméstica fazendo o seu trabalho com amor, honestidade e honrando a Deus tem a mesma dignidade do religioso expondo a Palavra de Deus ou de Barack Obama discursando na Casa Branca sobre o fim de uma guerra injusta. Na visão Cristã não existe um trabalho santo e outro chamado profano, sendo ele digno. O trabalho do religioso pode ser o mais profano, se suas intenções e ações são perversas, ainda que mascaradas. O que vale para todas as profissões.

Todo trabalho pode e deve ser uma maneira de exaltar a Deus nos dando dignidade e valor ao próximo. Se assim não for, simplesmente você jogará um terço de sua vida fora. A grande dificuldade em relação ao trabalho se dá quando focamos somente na remuneração, consequentemente não desempenhamos nossa função de acordo com nossas habilidades. O sociólogo e escritor Os Guinness, no livro, O chamado, defende a seguinte tese: há um princípio advindo da fé cristã que revolucionou o mundo ocidental, depois da idade média. O princípio do Chamado ou Vocação. Isto significa que somos chamados não só para sermos de Deus, o que já seria fantástico, mas também vocacionados para realizar algo que honra a Deus e contribui com o bem do próximo e do planeta. Para isso, Deus nos deu habilidades específicas. Se as descubro e trabalho dentro dessa visão, meu trabalho já não será um peso, consequentemente meus relacionamentos no trabalho tendem a ser saudáveis e a remuneração virá a reboque. Em outras palavras, quem enxerga o trabalho como vocação de Deus, ama o que faz e faz o que ama.

Concluindo. O trabalho não é maldição, é benção. A maldição é a distorção, o desequilíbrio em relação ao mesmo. Este desequilíbrio advém da nossa desconexão com o Criador, conosco mesmo e com nosso próximo. Mais, toda profissão digna tem seu valor dado pelo Criador independente do status conferido pela sociedade e deve ser uma forma de honrar a Deus e conferir dignidade a quem a desempenha e ao seu próximo.

Como anda sua relação com sua vocação? Trabalhamos ou descansamos mais que deveríamos? As pessoas ficam satisfeitas com nosso trabalho? Que o Eterno nos ajude a ter alegria em nosso trabalho e também no descanso!!!

Rev. Heliel G. Carvalho – heliel.carvalho@unievangelica.edu.br

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