Saturday, July 21, 2007

POR QUE NÃO CONTINUAMOS ....?

SÉRIE GRUPO FAMILIAR
Rev. Heliel Carvalho

É fácil observar a naturalidade que nascem alguns projetos. Os grupos familiares são um exemplo disso. Normalmente os chamamos também de grupos pequenos, reuniões nos lares, células, grupos de comunhão. Nesta reflexão não estou preocupado com a nomenclatura, quero pensar na benção da reunião de pequenos grupos de pessoas para vivenciar a Palavra. Seja para evangelismo, discipulado ou mesmo para o culto a Deus na família, a conhecida e por vezes esquecida reunião no lar, ou culto doméstico. Especialmente, lembro-me de algumas doces experiências quando ainda criança na Igreja Presbiteriana na cidade de Cristina-MG. Igreja esta com aproximadamente 60 membros. Nos meses de maio de cada ano, a igreja realizava reuniões nos lares todos os dias de determinada semana. Não havia nada de especial naquela reunião, não havia uma estratégia específica, um preparo de liderança, mas mesmo assim, era uma alegria aqueles momentos. A própria igreja parecia ficar mais viva. Os membros tinham uma comunhão intensa, devido a intimidade que proporciona o lar. Andávamos pelas ruas alegres. Havia uma integração entre crianças, adolescentes, jovens, anciões e senhoras, mesmo sendo poucos, e, talvez por isso mesmo. O calor do lar, as experiências trocadas, as brincadeiras daqueles irmãos mais extrovertidos e o lanche gostoso. Não era difícil ir para esta reunião, na verdade esperávamos ansiosos este momento, eu pelo menos.
Mais tarde, lendo a história de igrejas como a Presbiteriana Pioneira de Anápolis-GO, Terceira Presbiteriana de Itajubá-MG, Igreja Presbiteriana Ebenézer em Itajubá-MG, Igreja Presbiteriana de Apiaí-SP, vemos como estas no seu início utilizaram e incentivaram os lares tanto para o culto doméstico, família consangüínea, quando para grupos familiares, família da fé. Além destas leituras já ouvi inúmeras histórias de igrejas que nasceram nos lares: Igreja Presbiteriana de Praia Grande-SP, uma igreja da Assembléia de Deus ministério de Anápolis que floresceu no Japão, através de um casal. Esta nasceu num lar, fruto de um membro desta que foi trabalhar naquele País. Na verdade, poderíamos, eu e você, enumerar histórias e mais histórias de igrejas que assim nasceram.
O mais interessante é que se voltarmos ao cristianismo primitivo leremos os mesmos relatos, ou seja, as casas sendo amplamente usadas por Jesus e sua igreja. O livro dos Atos dos Apóstolos ou Atos do Espírito Santo, registram que aquela igreja se reunia “no templo e de casa em casa” (At 2.46; 5.42; 20.20). Isso por ter como modelo Jesus, que utilizou grandemente o lar como centro de pregação, ensino, cura e ao comissionar seus discípulos enviou-os para pregar nas casas. Veja, somente em Mateus, quantos registros temos de Jesus utilizando as casas no seu ministério: (Mt 9.10, 23,28; 10.6,12-14;13.1; 17.25; 26.6,18).
Depois temos o apóstolo Paulo e a igreja primitiva seguindo o exemplo de Jesus e a metodologia do culto nas casas (ver Apostila o Ano da Transição, Módulo 1, p. B 2 do MIC). A casa de Jason em Tessalônica (At 17.5). A casa de Tício, o Justo, situada ao Lado da sinagoga em Corínto (At 18.7). A casa de Felipe em Cesaréia onde os missionários eram recebidos (At 21.8). A casa de Lídia em Filipos local de encontro como para hospedar Paulo (At 16.40). Áquila e Priscila parecem ter mantido uma igreja em sua casa onde quer que eles morassem, seja em Corinto, seja em Roma (Rm 16.3-5, At 18.3; 1Cor 16.19). A casa do carcereiro Felipe era usada como centro de evangelismo depois de sua conversão (At 16). Toda a família de Estéfanes foi batizada pelo próprio Paulo e ele aparentemente usava essa casa “para o serviço dos santos” (1 Cor 1.16;16.15). A sala superior de uma casa pertencente à mãe de Marcos em Jerusalém foi o primeiro local de encontros da igreja (At 12.12). A casa de Filemom também foi citada como local de encontro de cristãos (Fm 1,2). “Não deveria causar-nos surpresa que a “igreja nas casas” tornou-se um fator crucial no desenvolvimento da fé cristã”, comenta Michael Green (Evangelism in the Early Church. Hodder & Stoughton: london, 1970, p. 208).
Ainda, o doutor coreano John Oak citando Lawrence Richards comenta: “A igreja de Corinto não foi edificada como as igrejas de hoje. É bem conhecido o fato que a igreja era formada por 20 a 30 igrejas nos lares. As igrejas, depois do período do Novo Testamento, seguiram o mesmo modelo e se espalharam como fermento em todas as direções” John Oak contiua sua análise agora citando o Teólogo Verkuyl: “eles tiveram comunhão por meio de uma alta mobilidade como igrejas nos lares ou centros de atividades. Eles se encontravam privadamente ou em público. A comunhão no grupo pequeno penetrou em cada camada da sociedade. Consequentemente, mediante a comunhão dinâmica, aqueles que entraram em contato com eles ouviram a mensagem da salvação e testemunharam o poder do Evangelho. Eles se multiplicaram lentamente e se expandiram de um modo ordenado”.
Depois destes breves relatos poderíamos perguntar. Por que não damos prosseguimento no que foi a base e início da igreja cristã e de nossas igrejas depois de quase 2000 anos? Por que não evoluímos e melhoramos essa estratégia tão poderosa? E se abandonamos, por que não voltamos a esse princípio tão claro nas Escrituras? Por que não repensá-los se em grandes momentos da história da igreja os lares foram utilizados tanto na edificação e amadurecimento dos crentes, para o desempenho do seu serviço (Ef 4.12), e para o crescimento da igreja, como conseqüência?
Fica aqui estas perguntas para que tentemos respondê-las. Pela graça de Deus temos hoje no Brasil igrejas que tem repensado e implantado este trabalho. Líderes amados que tem se colocado a serviço da Igreja evangélica brasileira para treinar pastores e líderes. Temos boa literatura, ferramentas e gente com experiência comprovada. Desta forma, incentivo você a no mínimo pensar no assunto. Quem tem coragem de refletir que reflita... Por que não continuamos ...?

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